quinta-feira, 25 de junho de 2009

“Quem Canta um Ponto Aumenta um Conto”

“Quem Canta um Ponto Aumenta um Conto” - Escrito por Rafael Pinheiro

Cena 1

Casa alugada no Rio de Janeiro Tenória cantando de um lado ao outro do palco.

Narrador: Dizem que um sonho só é um sonho quando sonhado sozinho, e se sonhado com sonhos sempre sonhados...vamos pular essa parte...eu nunca entendi o que isso queria dizer mesmo. Mas bem, falemos de Tenória, uma jovem sonhadora do sul, que acima de tudo queria se tornar uma grande cantora, e lutaria por tudo e contra todos até atingir seu objetivo. E foi o que ela fez, largou tudo e veio para nossa cidade, ou melhor quase tudo, pois três amigos a acompanharam nessa luta por um ideal, e já no primeiro dia morando aqui, ela estava muito feliz...

Narrador sai de cena.

Tenória “cantando alguma música triste – pode ser o tema do Titanic” – Está triste ao contrário do que o narrador falou.

Saulo entra em cena como se nada estivesse acontecendo.

Saulo: Oi Tenória! (quebra) Ué, eu pensei que o narrador tivesse dito que você estava feliz.

Tenória: Será? Eu também escutei mas o diretor da peça falou...

Saulo: Não falou nada, tá ouvindo? Nada. Você que errou, acontece!

Tenória: Eu não errei...

Saulo: Errou!

Tenória: Não...

Saulo: Olha, não quer discutir isso com a sua standy by.

Tenória: É, você tem razão! Eu errei.

Saulo: Viu? Mas não foi para isso que eu vim aqui, eu vim para... para...? Ah lembrei! Amanhã as dezessete horas Terá um teste dez. Ouvi dizer que quem passar nesse teste ficará muito famosa.

Tenória: Jura? Nem acredito, não estou nem um dia no Rio e já surgiu uma oportunidade!

Saulo: Viu só? Eu me formei na faculdade de administração só pensando em ser seu empresário. Me especializei nisso...

Lara entra em cena cortando Saulo.

Lara: Manda outra Saulo, todos nós sabemos que você só aceitou vir com a gente pois estava desempregado, afinal arrumar o primeiro emprego é difícil mesmo.

Saulo: Ah! Você entrou no ponto certo, eu apenas queria arrumar um emprego antes de empresariar a Tenória para Ter um pouco mais de experiência, mas eu sempre tive isso em mente.

Lara: Só uma pergunta Saulo? Você escutou com atenção o narrador?

Saulo: Sim por quê?

Lara: Você não deveria Ter sotaque do sul, afinal você veio do sul, não acha?

Saulo: Ah! O Sotaque. Claro que eu escutei, eu sei disso, mas é que vocês não sabiam , mas minha família é daqui, eu quase nasci aqui, mas resolveram ir para o sul para...

Tenória: Vamos parar a discussão. Amanhã irei fazer um teste, eu preciso me concentrar. Vou lá para dentro descansar um pouco.

Tenória sai de cena

Lara: Que teste é esse hein Saulo?

Saulo: O melhor, é uma gravadora que busca novos talentos!

Lara: Sei. Espero que não seja furada.

Saulo: Não será! Mas deixe de papo fiado, eu vou dar uma volta para...para...para...esqueci...ah não importa, eu vou sair e pronto. Tchau!

Saulo sai de cena

Lara: Só espero que o Saulo não nos coloque em uma enrascada, ele nunca nem morou sozinho, nunca trabalhou na vida, que dirá ser empresário de alguém.

Gina entra em cena com um sorriso imenso

Gina: Concordo com você!

Lara: Oi Gina, td bom? Aonde você estava até agora? A peça já começou a um tempo.

Gina: Eu estava na casa de nossos vizinhos.

Lara: Não acredito, eles são horrorosos, o que foi que você viu neles?

Gina: Ah eles são cariocas, e depois não são tão feios assim, são apenas diferentes.

Lara: É mais eu não...

Entra o narrador

Narrador: E foi assim que Tenória...

Lara: Ei, eu estava falando ainda, você espere para começar!

Gina: Quem é esse gato?

Narrador: Olha está aqui no roteiro tá, eu entro agora e ponto final.

Lara: Mas a minha frase é importante para...

Narrador: Fala isso com o diretor.

Lara se conforma com medo e sai de cena puxando a amiga

Narrador: Bem, continuando. Esqueci o texto, o texto! Ah lembrei. E foi assim que Tenória começou a luta por seu sonho. E como eu disse antes ela iria correr atrás desse sonho não importando o como fosse

Entra em cena um padeiro com um sonho na mão, e Tenória corre atrás do sonho. O padeiro corre e ela corre atrás. O narrador não entende nada.

Narrador: Oh minha querida!

Tenória: Oi!(ofegante)

Narrador: O sonho que eu falei não é esse não, é o sonho sonhado por sonhadores que almejam um sonho perfeito.

Tenória: Ah tá, mas é que o diretor...

Narrador: Dane-se o diretor, eu sou o narrador, eu que mando aqui. Sai de cena! Vai sai!

Tenória sai de cena

Narrador: Eu falei para o diretor que chamar pessoal do sul para fazer essa peça não ia dar certo, mas ele insistiu. Deixa eu ver, aqui nas minhas anotações, ah sim, o dia passou e o grande teste estava mais perto do que nunca, Tenória se arrumou, se produziu toda e foi com seus amigos ao local do teste.

Narrador sai de cena / o palco está cheio, Tenória, Lara, Saulo, Gina, e mais 2 pessoas estão a esperar por ser chamado.

Tenória: Será que vai demorar muito?

Saulo: Calma meu bebê, tudo vai dar certo!

Gina: Que número é a nossa senha?

Tenória: 35503

Lara: Deixe eu ver, com licença, que número está?

Pessoa1: Acho que está no 35500. Vocês chegaram agora?

Lara: Sim, porque?

Pessoa1: Sorte de vocês, eu estou aqui faz umas cinco horas. E ninguém foi selecionado ainda!

Gina: Ah tenho certeza que eu vou ser!

Tenória: Mas eu que vim fazer o teste!

Gina: Ah é, eu tinha esquecido isso!

Pessoa sai de cena correndo, mostrando desespero!

Cidão(off): 35501

Pessoa2: É minha vez, me ajude meu Deus

Pessoa2 entra na sala

Pessoa1: Será que ele vai ser selecionado?

Saulo: Eu aposto as minhas fichas na Tenória aqui!

Musica em off de um cantor(a) famosa

Lara: Silencio, vamos ouvi-lo!

Do nada a musica pára e Pessoa2 saí correndo tropeçando

Cidão: Um lixo! Veio aqui pra que? Pra fazer eu perder meu precioso tempo! 35502

Pessoa1: Desejem-me sorte!

Ninguém o faz. Pessoa1 fica sem graça e entra na sala / Outra vez se escuta uma música mais famosa ainda numa linda voz / e mais uma vez a musica é cortada no meio e a pessoa 2 sai pela sala correndo desesperada.

Cidão(off): E nunca mais volte aqui, ouviu bem? Só porcaria, só cantorzinho de banheiro. Ainda bem que este foi o último. Eu quero algo diferente, algo inovador, algo...

Cidão saí da sala entrando assim em cena, e se depara com as pessoas da sala.

Cidão: O que vocês estão fazendo aqui?

Tenória: Nada não, já estamos indo.

Saulo segura Tenória e começa a falar

Saulo: Viemos para o teste.

Cidão: E quem indicou?

Saulo: Foi o ... o ... o ... um tal de Cidão.

Cidão: Eu sou o Cidão.

Saulo: Eu não me lembro, mandaram eu vir te procurar.

Cidão: Você canta o que?

Saulo: Eu nada, sou o empresário dela aqui.

Cidão: E ela aqui tem nome?

Saulo: Tem sim. Julie Borgan.

Tenória: O que? Não, meu nome é...

Saulo: É o nome artístico dela. Ela ainda não se acostumou com isso.

Cidão: Olha, então me procurem daqui a uma semana que eu faço um teste com essa Julie Bordon, tá bom! Agora estou atrasado, até.

Cidão sai de cena

Cena 12

Tenória: Que história é essa de mudar meu nome?

Saulo: É para o seu bem, seu nome é muito..., muito...

Gina: Feio?

Saulo: Exótico.

Tenória: Feio? Por um acaso você já percebeu seu nome. Se alguém te mandar embora, você vira Vagina! Vá Gina, Vá!

Gina: E Tenória...

Lara: Vamos parar com essa discussão!

Saulo: Ô Tenorinha, é que eu consultei uma numeróloga amiga minha e ela me falou, me jurou, me garantiu, me prometeu pela mãe dela mortinha de baixo de um trem, e pela sogra dela morando no mesmo teto, que Julie Borgan é um nome que tende ao sucesso.

Tenória: E qual o nome dele?

Saulo: Bem...é.... é Julie Borgan. Mas ela dá autorização para você utilizá-lo!

Tenória: Mas eu gosto do meu nome, e além do mais ela não ficou famosa com o nome dela, eu pelo menos nunca ouvi falar!

Saulo: É que ela utiliza outro nome. Mãe Diná!

Lara: Vamos embora, depois discutimos isso!

Cena 13

Narrador entra em cena

Narrador: Tenória, ou se preferir, Julie Borgan, sofreu uma grande decepção. Viu que era mais difícil do que imaginava. Sentia medo, muito medo, mas muito medo mesmo de não conseguir realizar seu sonho. Anoiteceu e o clima estava morno, nem frio nem quente, e sim como descrevi antes, morno. Imagine um café morno. É mais ou menos assim que estava o clima, morno. Tenória contava as estrelas no céu, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito...(percebe que o texto está horrível) Que narração chata!

Narrador pega as folhas que carrega com si e começa a jogar uma a uma para trás.

Narrador: Besteira, Besteira, essa aqui, deixa eu ver, besteira também, e essa... ah tá aqui, encontrei a parte importante da narração, é esse o diferencial entre um narrador bom, e esses merdinhas que o mercado contrata, nós, ou melhor eu, sei o ponto importante das narrações. No dia seguinte...

Narrador sai de cena

Cena 13

Sonoplastia de campainha tocando / Gina vai atender / Entra em cena Jorge Roberto bêbado

Gina: Já vai! Espere um pouco... Oi Jorge.

JR: Oi ô caralho, vim cobrar o aluguel.

Gina: Mas nós pagamos ontem.

JR: Mentira, vocês estão me enganado, eu não gosto disso.

Gina: Se bem que se você quiser, eu posso te dar outra forma de pagamento.

JR: Não aceito cheque nem cartão, já aviso logo.

Gina: Vem aqui no quarto que eu te pago.

Gina e JR entram para o quarto

Cena 14

Telefone toca / Gina de sutiã entra para atender

Gina: Alo? Quem? Julie Borgan, não é daqui não. Tchau.

Gina entra correndo / Telefone toca de novo / Gina entra de calcinha

Gina: Alo? Sim eu tenho certeza, não é daqui não. Tá. Tchau!

Gina com raiva entra para o quarto de novo algum som em off para dar efeito de movimento / Telefone toca de novo / Gina aparece sem sutiã tapando os peitos com a mão, e ao atender fica de costas para o público

Gina: Olha aqui meu querido? Ah oi mãe! Não claro que não está incomodando, estou bem, eu te amo muito. Beijos!

Gina desliga e o telefone toca de novo.

Gina: Alo. Olha aqui seu Puto, eu estou querendo fazer sexo, ouviu bem, sexo! Se você ligar mais uma vez perguntando sobre Julie Borgan eu te mato!

Gina entra no quarto de novo, uns gritos são ouvidos, e o telefone toca de novo / dessa vez Jorge Roberto que aparece de cueca samba canção para atender.

JR: Alo, seus filhos das putas.

JR desliga o telefone da tomada e volta para o quarto.

Cena 15

Entram em cena Saulo e Tenória vindos da rua.

Tenória: Essa gravadora que fomos hoje parece Ter gostado do meu trabalho.

Saulo: Viu só, mas não se preocupe, ele falou que se pintar o trabalho vai ligar para você ainda hoje, e com certeza você terá seu CD gravado.

Tenória: Deus queira.

JR(off) : Eu quero!

Tenória: Deus? É você?

Gina(off): Sim!

Saulo: Eu sempre soube que Deus era... era... era... homem é mulher ao mesmo tempo. Sempre soube!

Lara entra em cena

Lara: Que foi, que caras são essas?

Tenória: Deus está falando com a gente!

Lara: Ah claro.

Saulo: É sério, pergunte algo para ele?

Lara: Deus, fale algo para mim?

JR(off): Vai lá dentro!

Lara: Onde Senhor? No quarto?

JR (off): Isso! Vai! Vai! Mais rápido!

Lara: Estou indo!

Lara sai de cena e dá um grito, e logo em seguida volta em cena seguida por Gina e JR, ambos enrolados em um lençol.

Cena 15

Saulo: Que pouca vergonha é essa aqui?

Toca a campainha / Vizinho1 entra em cena

Tenória: Entra!

Vizinho1: Cara! Cheguei na hora do surubão, beleza!

Vizinho1 vai tirando a camisa e entrando no clima

Saulo: Quem é você?

Vizinho1: Sou o vizinho do 502, mas pode me chamar de carioca, o autor não me deu um nome mesmo!

Tenória: O que você pensa que está fazendo?

Vizinho1: Vou lamber logo a maminha antes que me sobre o acém.

Saulo: Você vai é sair agora daqui, o açougue e na terceira rua a direita.

Vizinho1: Pô relaxa, deixa de ser olho grande.

Saulo: Era só o que faltava, eu olho grande? Não sou nem desenho japonês e além do mais...

Narrador entra em cena

Narrador: Vamos por ordem agora nessa bagunça! EU sou o narrador, eu que mando aqui. EM primeiro lugar daonde veio esse vizinho?

Vizinho1: Vizinho não, me chame de carioca já falei!

Narrador: Meu filho, o carioquinha? Eu não te narrei para você poder aparecer, por isso SAIA DE CENA AGORA E LEVE SUA CAMISA. Vai, Xispa! Enquanto a você?

Vizinho sai de cena

Saulo: Eu?

Narrador: Não, não é você não, eu falei só para assustar.

Saulo: Ah bem, como pode me dirigir a palavra dessa...

Narrador: Sai de cena!

Saulo: Mas...

Narrador: Sai agora ou então eu te apago da peça, vou narrar que apenas duas amigas vieram com Tenória, aí você ...

Saulo: Tô indo, já fui!

Saulo sai de cena

Narrador: O bonitão?

JR: Obrigado.

Narrador: Se retire.

JR: Ô Narrador?

Narrador: Vááá! Você tá de cueca que eu sei, pode deixar o lençol com Gina e saia agora de cena.

JR sai de cena

Narrador: Gina, você vai para o quarto comigo, enquanto vocês duas vão ficar aqui na sala até a outra cena, que é... deixe-me ver... aqui... ah sim. Saulo chega contando uma novidade para vocês. Vamos baby!

Narrador sai de cena com Gina / Tenória e Lara ficam paralisadas até a entrada de Saulo

Cena 16

Saulo entra em cena

Saulo: Meninas!

Lara e Tenória: Qual a novidade?

Saulo: Como vocês sabiam que eu tinha uma novidade para contar?

Lara: O Narrador contou.

Saulo: Estraga prazer, desgraçado, deve ser um fudido, não fudido não que nem eu faço isso, deve ser sim um pobre coitado frustrado com a sua profissão, não só pode ser, porque um cara para estragar uma surpresa só pode ...

Tenória: Chega! Você vai contar a novidade ou não?

Saulo: Não. Também não conto mais!

Lara: Por favor?

Saulo: Não!

Tenória: Saulinho, please!

Saulo: Não conto.

Tenória: Então tá!

Saulo: Tá, eu vou contar. Eu arrumei várias músicas inéditas compostas por um conhecido meu.

Lara: Espero que sejam boas.

Tenória: Eu também.

Saulo: Tome! Vai ensaiando que amanhã iremos nos encontrar com o Cidão, e ele é nossa última esperança, ou conseguimos algo, ou então teremos que voltar com a nossa vidinha no sul.

Tenória: Mas essas letras são ridículas! Ela rima amor com dor, calor e sabor, eu não canto pagode!

Saulo: Tenória, Tenória, você tem que se adaptar ao mundo que te cerca!

Lara: Odeio admitir, mas o Saulo tem razão. Não custa nada tentar!

Tenória começa a cantar as músicas

Narrador entra em cena com uma placa na mão escrita. “No dia seguinte...”

Cena 17

Sonoplastia de suspense!

Tenória continua a cantar, ela nem dormiu!

Saulo entra em cena

Saulo: E aí Tenória, preparada?

Tenória: O que? Mas ainda não é amanhã?

Saulo: É sim, o narrador mostrou uma placa, e já é amanhã, ou melhor hoje!

Tenória: Mas não estava no roteiro!

Saulo: Essa peça não estava no roteiro! Nem adianta reclamar, vamos...

Tenória: Mas...

Saulo: Está bem, se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé!

Cidão entra em cena

Cena 18

Cidão: Bom dia Julia Bordan! Preparada para a prova, para o maior desafio de sua vida, para a glória ou a derrota, o céu ou o inferno, o sucesso ou o fracasso, a vida ou a morte, a saúde ou a doença, a riqueza ou a pobreza, o ...

Saulo: É casamento ou teste?

Cidão: Não interrompa a minha linha de raciocínio!

Saulo: Desculpa, não, perdão, clemência!

Cidão: Tá, para de fazer papel de criança! E a senhora vai cantar o que?

Tenória: (bem baixo) uma música.

Cidão: O que?

Tenória: Uma música!

Cidão: Pode começar, e seja breve, pois não tenho o dia todo.

Tenória começa a cantar e para pois acha que está horrível!

Cidão: Eu não mandei parar! Continue ela é... é... magnifica!

Cidão e Saulo começam a fazer uma coreografia bem engraçada. Tenória para de cantar os dois voltam ao normal como se nada tivesse acontecido!

Cidão: Bom, foi muito bom, mas falta algo!

Saulo: Algo? O que?

Cidão: Eu não sei, mas falta algo!

Saulo: O que talento?

Cidão: Não é isso, falta algo!

Saulo: Beleza?

Cidão: Não, falta algo!

Saulo: dinheiro, criatividade, movimento, silicone,...

Cidão: Não, não, não! Falta... ah lembrei o texto! Que ótimo, pensei que não ia me lembrar o que é que faltava! Falta um tchan!

Lara entra na sala

Lara: E aí Tenória? Conseguiu?

Cidão: Tenória! Tenória! É isso, era isso que faltava! Que nome magnifico!

Tenória: Obrigada!

Cidão: Feio, mas magnifico! Prepare-se Tenória, pois você irá decolar!

Tenória: E vamos voar para onde?

Cidão: Para o sucesso!

Sonoplastia de uma música bem melosa, estilo Hollywood

Cidão: A partir de hoje serei seu produtor e empresário!

Saulo: Não falei que você iria se dar bem comigo no...empresário? O empresário dela sou eu!

Cidão: Era! Ou eu fico sendo o novo empresário dela, ou então nada feito!

Saulo: Nada feito

Saulo vai saindo e Tenória fica parada

Saulo: Vamos Tenória, existem outros produtores no mundo!

Tenória: Sabe o que é Saulo?

Saulo: Não, não sei.

Tenória: Essa é minha oportunidade, e eu não posso largar ela, sinto muito!

Saulo: Sinto muito? É só isso que você fala, sinto muito?

Tenória: É, eu sinto muito mesmo!

Saulo: Está bem, eu arrumo outra na primeira esquina, e vai fazer mais sucesso que você!

Saulo sai de cena e volta logo em seguida correndo se ajoelhando aos pés de Tenória

Saulo: Mentira, mentira, eu quero você, não me deixe, não me abandone!

Cidão: Quer que eu chame a segurança?

Tenória: Por favor.

Cidão: Segurança!

Cena 19

Entra em cena dois caras fracos e baixos para retirar Saulo. Saulo abraça a perna de Tenória e não desgruda! Seguranças começam a consolar Saulo

Seguro1: Amigo, não fique assim, não combina com você!

Seguro2: É verdade, olhe a sua volta, você não tem vergonha não?

Seguro1: Você deve ser outro empresário abandonado.

Seguro2: Mas não se preocupe, pois novas oportunidades apareceram a todos ex-empresários como você.

Seguro1: Olhe nós por exemplo, somos os melhores seguranças da gravadora...

Seguro2: E antes éramos péssimos empresários, foi o Cidão que abriu nossos olhos.

Seguro1: Eu empresariava um tal de Robinson Anjo

Seguro2: E eu grupinho chamado Klp, ou seria Klg, KLB, ah não me lembro, um grupinho desses...

Seguro1: Mas o Cidão aqui...

Cidão: Leve logo essa coisa daqui, e se quiser conversem com ele lá fora, tenho assuntos a conversar com Liriel, ééé digo Tenória!

Segurança1 e Segurança2 saem de cena carregando Saulo. Lara sai de cena acompanhando Saulo

Cena 20

Cidão: Bem Tenória, que bom que aceitou minha proposta.

Tenória: Obrigada, eu...

Cidão: Não diga nada, não diga nada. Eu vou te colocar no auge da fama, você será uma grande estrela.

Tenória: Eu nem...

Cidão: Não precisa dizer nada. O contrato que iremos estabelecer é bem simples. Eu Cidão como seu empresário e produtor, terei direito da cota liquida em seus shows, apresentações, cachês, e isso não é um roubo, pois visto que as porcentagens do mercado musical gira em torno das vendas dos cd’s, o que no nosso caso seria todo seu o dinheiro das vendas de seu Cd, descontando assim de seu ordenado todas as despesas que esta terá contigo. Mesmo assim você poderia ficar em dúvida, e se perguntar: “O que eu ganho com isso?” E eu responderia “dinheiro, sucesso e o melhor, um excelente empresário”. Para Ter isso tudo basta assinar esse contrato e pronto, caso contrário a porta fica a direita.

Tenória: Deixe eu ver aqui!

Tenória começa a ler o contrato, e Cidão fica indignado.

Cidão: Se você ler mais uma linha desse contrato pode se retirar de minha sala, e não precisa voltar nunca mais.

Tenória: Eu só estava...

Cidão: Desconfiando de mim. Não vejo como trabalhar com uma pessoa que não confia em seu próprio empresário. Tome a caneta, é só assinar!

Tenória assina

Cena congela, narrador entra

Narrador: Não! Para tudo. Você não devia assinar, não podia abandonar o Saulo assim.(Percebe que está em cena) Bem, é ... é ..., sim. Tenória após assinar o contrato gravou seu CD, e começou seu sucesso, enquanto Saulo...

Cena 20

Saulo com roupas rasgadas, sujo tentando ganhar dinheiro. Primeiro ele pega uma, duas ou três bolinhas e começa a fazer malabarismo, passa por ele pedestre 1 que para e olha para ele. Saulo se empolga, começa a fazer com vontade

Pedes1: Muito bom, excelente, você é bom rapaz!

Saulo: Obrigado.

Pedes1: Muito bom mesmo.

Pedestre 1 sai de cena sem dar um tostão.

Saulo: Miserável, nem para ajudar com um trocadinho!

Saulo pega um chapéu coloca em frente e sobe em cima de uma caixa. Fica como uma estátua / Várias pessoas passam por ele e começam a fazer um semi círculo ao seu redor. Ninguém se atreve a colocar 1 moeda.

Pedes2: Quanto tempo será que ele agüenta sem se mexer?

Pedes3: Sei lá, esses homens estátuas são muito bons.

Pedes2: Aposto 10 reais que ele não passa de meia hora.

Pedes3: Feito, 20 minutos.

Pedestre 4 chega com uma nota de 10 reais para colocar no chapéu / Os olhos de Saulo demonstra felicidade.

Pedes2: Não coloca não!

Pedes4: Por que não?

Pedes3: É que estamos fazendo uma aposta para ver quanto tempo ele fica sem se mexer e se você colocar essa nota aí, ele vai se mexer para agradecer.

Pedes4: É verdade. E está em quanto a aposta?

Pedes2: 20 reais.

Pedes4: Tô dentro! 20 minutos.

Pedes3: Eu já falei 20 minutos.

Pedes4: Alguém falou 10 minutos?

Pedes3 e 2: Não.

Pedest4: 10 minutos.

Saulo se irrita com a atitude das pessoas e sai de cena.

Pedes4: Ganhei! Cheguei mais próximo! Pode pagando!

Pedes3: Mas ele não se mexeu, ele foi embora, é diferente.

Pedes2: É isso mesmo.

Pedes4: Mas não deixou de se mexer. Então eu ganhei.

Pedes2: Isso ele tem razão.

Tenória entra em cena no celular e para no lado oposto do palco, pedestres continuam discutindo, mas sem voz.

Tenória: Eu não quero saber, mande logo meu motorista me buscar! ... Como não, olha aqui Cidão, alô, alô. Droga desligou de novo. Como eu vou embora daqui?

Pedestres percebem a presença de Tenória

Pedes3: Olha gente, não é a Tenória?

Pedes4: Acha que me engana, pode me pagando, eu ganhei, você sabe disso.

Pedes2: É ela mesmo, minha filha ama ela! Tenória!

Pedes3: Não falei!

Pedes4: É a Tenória! Me dá um autógrafo.

Tenória: Era só o que faltava.

Pedes3: É verdade que você era pobre?

Pedes2: Seu nome era Julie Borgan mesmo?

Pedes4: O que você come de manhã?

Pedes3: Você caga todo dia?

Tenória vai ficando furiosa.

Tenória: Taxi!

Narrador entra em cena

Narrador: Só entrei para poderem mudar de cena, o diretor bem que tentou uma maneira de evitar essa minha entrada, mas não teve jeito. Pronto, tudo certinho aí.

Narrador sai de cena.

Casa de Tenória

Lara: Não se preocupe com isso amiga, você faria o mesmo por mim.

Tenória: Obrigada mesmo Lara, é que o carro da gravadora estava no concerto e ...

Lara: Não se preocupe com isso. Depois se eu precisar você me paga. E as suas músicas, tocando muito nas rádios?

Tenória: Bastante. Obrigada.

Lara: Quando conhecer um diretor de novela me apresenta viu? Meu sonho é ser atriz.

Tenória: Mas você já é atriz.

Lara: Não sou não, eu um dia...

Tenória: É sim, seu nome é _________, seu personagem é Lara, e cá pra nós você é ótima.

Lara: Ah que isso Tenória, Obrigada.

Saulo entra em cena

Lara: Oi Saulo!

Saulo não responde, apenas passa indo em direção aos quartos, ele nem olha na cara de Tenória e vice-versa.

Lara: Tenória, até quando você vai ficar sem falar com o Saulo?

Tenória: Eu nunca mais vou falar com ele.

Lara: Mas foi você que traiu a confiança dele.

Tenória: Não importa, e olha eu não vou perder meu tempo aqui, hoje é a festa de lançamento de meu Cd, e eu tenho mais o que fazer.

Lara: Oba! Festa, eu adoro festas.

Tenória: Que ótimo, depois te conto como foi. Tchau!

Tenória sai de cena

Lara: Mas isso não vai ficar assim não, eu emprestei até dinheiro para ela e é assim que ele me trata.

Gina entra em cena vinda do quarto

Gina: Que foi hein Lara? O que aconteceu?

Lara: A Tenória está indo na festa de lançamento do Cd dela e não nos convidou, mas eu vou sendo convidada ou não.

Gina: Eu ouvi na rádio, mas achei que era boato, eu sei aonde será a festa, e vou com você. Só espera um pouquinho que eu vou colocar uma roupa mais discreta.

Gina entra em cena com um lenço amarrado no pescoço.

Gina: Vamos?

Gina e Lara saem de cena / Saulo entra em cena vindo do quarto.

Saulo: Festa neh! Essa é minha chance de arrumar alguém para empresáriar e matar a minha fome ao mesmo tempo. Party, let’s go.

Saulo sai de cena com a sua roupa de mendigo / Narrador entra em cena

Narrador: Até que enfim uma festa! Não, porque eu nunca vi, alguém vir de outro estado, morar no Rio e não cair na gandaia. Porém Tenória não esperava pela visita de seus amigos.

Na festa estão Cidão e Tenória recebendo os convidados / Entra convidado1, cumprimenta Tenória, dá os parabéns e é convidado a entrar na festa.

Entra convidado 2

Entra convidado 1

Entra convidado 3

Entra convidado 1

Tenória falando com Cidão.

Tenória: Você convidou Trigêmeos?

Cidão: Eu não.

Entra convidado 1

Tenória: Peraí! Você já passou aqui 3 vezes, essa é a Quarta vez, o que está acontecendo, pode me explicar?

Convid1: É que está faltando figurantes, eu estou só fazendo número. Finge que sou outra pessoa. Oi! Parabéns, excelente Cd.

Convid1 sai de cena

Entra em cena Gina e Lara

Lara: Oi Amiga!

Gina: Viemos te prestigiar.

Saulo falando baixo para Tenória

Saulo: Você convidou elas?

Tenória: Eu não. Vou dar um jeito. (para as amigas) Que bom, obrigada, estou tri feliz, agora que já me prestigiaram podem ir embora.

Lara: Que isso Tenória, nós jamais iríamos fazer esse desrespeito.

Cidão: Quer que eu chame os seguranças?

Lara: Segurança?

Tenória: É... para proteger vocês. Mas não precisa não Cidão, que isso, quanta gentileza.

Cidão puxa Tenória para um canto para conversarem.

Cidão: Você está querendo arruinar com a sua festa?

Tenória: Não, mas eu não...

Cidão: Esses maltrapilhos vão ferrar com o lançamento de seu Cd.

Tenória: Pode deixar, eu dou um jeito.

Voltam para o centro.

Tenória: Lara, Gina, por favor entrem!

Cidão: O que?

Tenória: São minhas amigas e elas vão dividir esse momento comigo.

Sonoplastia de uma música bem melancólica

Cidão: Eu espero que elas não se misturem com os convidados, senão...

Saulo atravessa o palco e entra direto na festa

Tenória: Senão o que?

Cidão: Sua carreira estará terminada.

Tenória: Desculpe Aparecido, mas eu...

Cidão: É Cidão, meu nome é Cidão. E mais uma gracinha sua e estará acabada.

Tenória: Já pedi desculpas.

Cidão: Lembre-se de que até a governadora veio nessa festa e...

Gritos vindo de dentro da festa

Cidão: Que isso! O que aconteceu?

Convid1: Nada, esse pessoal está assim porque tem um mendigo dizendo ser empresário, aí na festa. É só isso.

Cidão: O que? Não é possível. Mas como ele entrou?

Convid1: Eu não sei, mas é melhor dar um jeito logo, pois ele está conversando com a governadora.

Cidão: O que? Mas Que? O Que? (vira para Tenória) Viu? Eu te falei que não ia dar certo. Nosso contrato está rescindido. Sua carreira acabou garota, definitivamente acabou.

Entra o narrador

Narrador: E como vocês mesmo escutaram, Cidão da mesma forma que deu fama e sucesso para Tenória, o retirou. Porém Saulo, após conversar com a governadora, conseguiu um tri emprego, secretário geral da cultura desportiva. Isso existe?

Saulo entra em cena, bem vestido e começa a falar com o narrador

Saulo: Senhor Narrador, quero aproveitar a oportunidade e deixar claro as minhas metas como novo secretário da cultura desportiva. Primeiro irei realizar o festival nacional e brevemente mundial de homens estátuas, onde o melhor ganhará uma bolsa e irá estudar com as estátuas do museu de cera de Londres, aperfeiçoando assim o seu trabalho. Terá também o mega encontro dos malabaristas de sinais e o que arrecadar mais dinheiro em um semana, será contratado como cobrador de impostos do governo, e para isso será criado o IPMD, imposto dos malabaristas desempregados.

Narrador: E enquanto a mim? Me coloca na boa aí, eu sempre te apoiei a peça toda.

Saulo: Para vocês iremos criar o sindicato dos narradores, e se você topar queremos que seja o Presidente.

Narrador: Mas é claro que topo, só assim teremos carteira assinada e registro para trabalharmos, mas aviso logo que será maior burocracia tirar o registro.

Saulo: Então comece seu trabalho finalizando essa peça. Tenho muitos projetos para concretizar.

Narrador: Claro patrão. E Saulo, ou melhor, o excelentíssimo senhor Saulo, depois do tempo como secretário de cultura desportiva, se elegeu a governador, eleito fez o melhor governo que o Rio já teve, e foi o começo de sua vida política bem sucedida, mais tarde tornara-se presidente do Brasil, conquistando quase 100% de aprovação, o povo todo...

Gina, Lara e Tenória entram em cena.

Lara: Peraí, você está viajando demais, essa peça não era para terminar assim.

Gina: É verdade, e eu nem dei para quem eu tinha que dar.

Tenória: É, e eu que sou a protagonista da história, deveria alcançar o sucesso, ganhar muito dinheiro e viver feliz para sempre.

Lara: O diretor tá sabendo disso tudo?

Narrador: O diretor? Tá em Brasília, Saulo arrumou um emprego para ele. Agora vive andando para cima e para baixo de jatinho, tem contas em vários paraísos fiscais e ainda mora em um mansão, mas que mansão.

Tenória: Mas se ele está em Brasília, quem vai pagar nosso cachê?

Lara: É. Qual foi a moral dessa peça, antes tinha uma moral, querer é conseguir, mas agora não tem.

Narrador: A moral é que a vida é uma roda gigante, quando você está lá em cima não pode cuspir na pessoa que está em baixo, pois assim como a vida, a roda gira e quem estava em baixo de você, estará em cima, podendo cuspir em você também.

Lara: Virou filósofo agora?

Narrador: É que o sindicato dos narradores tem aulas de filosofia e poética, para ficarmos mais apresentáveis.

Gina: Essa história de coisa gigante me deixou cm um tesão!

Lara: É roda gigante Gina, de parque de diversão.

Gina: Ah, mas é gigante!

Cidão entra em cena

Cidão: O que está acontecendo aqui! Eu estou meio confuso, e...

Todos entram em cena

Burburinho de desentendimento

Sonoplastia de um sinal tocando, todos se olham a luz abaixa e cai o foco em uma pessoa que entra ao fundo do palco, o diretor.

Tenória: Diretor.

Todos chamam pelo seu nome.

Diretor: Vamos entrando amigos, está na hora.

Todos concordam e vão andando na frente do diretor, até que este vira, e em seu jaleco está escrito “Hospício Nova Aurora”




FIM

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